quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Contradições e segregação no ensino estadual de São Paulo

Caros companheiros de luta, nesta manhã de 13/08 tive acesso através do site da Secretaria de educação de São Paulo, ao felizes relatos de alguns profissionais ligados ao projeto Ler e Escrever que é voltado para alunos em fase de alfabatização das primeiras séries do ensino fundamental I.

Entretanto fiquei mais reflexiva do que feliz com os resultados, pois esse mesmo programa Ler e Escreever me negou auxílio no mês de Junho de 2008. vejam, não sou professora do fundamental I, entretanto mesmo no fundamental II, devido as formas de aprovação tenho esse ano alguns alunos não alfabetizados, repito, NÃO alafabetizados na 6ª série do ensino fundamental II. Ao ter consciência de tal fato motivei-me em fazer alguma coisa, e desde março estou trabalhando com eles de forma diferenciada afim de que consigamos até dezembro final do ano letivo, um resultado positivo.

No meio desta caminhada tive a "brilhante " idéia de solicitar materiais ao tal projeto Ler e Escrever e ai que me deparei com essa contradição e segregação entre alunos da rede pública, seguem abaixo os emails trocados entre eu e a secretaria de educação.

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email enviado por mim para a equipe do projeto Ler e escrever disponibilizado no site da Secretaria e educação do Estado de São Paulo.
De: cristina email xxxxx@yahoo.com.br
Enviada em: terça-feira, 15 de julho de 2008 00:13Para: Gestão - BolsaAssunto: contato Nome: Cristina Mensagem: Olá, sou professora de geografia efetiva na rede estadual, inicialmente trabalho com Ensino Médio e este ano tenho 3 salas de 6ª série, e descobri que muitos alunos não estão alfabetizados e foram aprovados automaticamente da 5ª série para a 6ª série sem sanar o problema, o que fiz para ajudar? estou com estes alunos desdes março fazendo um projeto de alfabetização, como não sou pedagoga, estou sempre buscando materiais e achei o projeto. Gostaria de solicitar para nossa escola um kit alfabetização do projeto Ler e Escrever, mas somos de ciclo II e Médio, como podemos fazer?
obrigada professora Cristina ..
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Vejam que animadora esta resposta:

Gestão - Bolsa escreveu: Cristina, não dispomos desse material para doação, venda ou empréstimo, mas indicamos um link onde será possível baixar os arquivos, gravar e imprimir: http://cenp.edunet.sp.gov.br/letravida . Parabéns pela iniciativa e boa sorte! Atenciosamente: Equipe de Gestão InstitucionalLer e Escrever/Bolsa
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Link do ler http://lereescrever.edunet.sp.gov.br/site/

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Um esclarecimento se faz necessário, quando fiz esta solicitação, já havia impresso boa parte do material, em minha impressora pessoal, pois as enviadas para a escola não podem ser usadas já que o "toner" de tinta, é muito caro e as verbas da escola não contemplam sua aquisição e não houve por parte da secretaria nenhuma verba específica até então para aquisição destes suplementos.

O ensino público é direito de todos os cidadãos , é garantido por lei, os recursos para que esse ensino público se realize também são resposnsabilidade do governo. Pois esse ensino público não gratuito , é bancado por todos nós contribuintes , que pagamos a cada dia impostos mais altos, e não temos direito de saber Ler e Escrever.

sábado, 28 de junho de 2008

Convocação! Seja um Professor Ativo.

Caros colegas, estamos nos mobilizando para formar um grupo real de professores ativos. Nossa idéia é ampliar esse Blog , e criar um grupo de professores com encontros presenciais afim de realizar discussões, reflexões e estudo . Queremos criar um grupo desvinculado de qualquer sindicato, partido político e credo religioso.
Nossa idéia é unir pessoas que como nós acreditam na educação pública e que queiram lutar por melhores condições de trabalho e melhroes resultados na nossa prática docente.

Interessados entrar em contato através do email: profativo@gmail.com

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Continuamos acreditando!

"A grandeza de um homem se define por sua imaginação. E sem uma educação de primeira qualidade, a imaginação é pobre e incapaz de dar ao homem instrumentos para transformar o mundo"(Florestan Fernandes)

Confiantes na vitória , aguradamos nova assembléia para 27/06/2008 .

Nada é impossivel de mudar!

Este tem sido nosso lema, e o tema para esses dias de luta, quanto ao último dia 20/06, a Assembléia que aconteceu na Av. Paulista e segiu para a Pça. da República, temos algumas fotos para refletir-mos e algumas indagações.

foto: Cristina / Aqui jaz a educação na Pça. da República


Um criativo grupo de professores inspirados no descaso com o qual a atual gestão vem tratando o ensino público, fez esta instalação artísitca onde o contorno de um corpo estirado no chão representa a educação. Caros amigos, não podemos deixá-la morrer, acredito que muitos estão lecionando e seguem suas carreiras como educadores pois ainda têm sonhos , ideais e acreditam num futuro melhor.


Pensemos no grande Florestan Fernandes, " feita a revolução nas escola , o povo a fará nas ruas"


E uma resposta a uma midia tedenciosa e a favor das generalizaçõea agressivas de nossa Secretaria de educação.

Não queremos atrapalhar otransito de São Paulo, mas a população precisa saber o que este governos NEOLIBERAL, que vem tentando privatizar a educação pública, vem fazendo com nosso direitos.




sábado, 21 de junho de 2008

Nada é impossível de mudar

Desconfiai do mais trivial,na aparência singelo.

E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

Suplicamos expressamente:

não aceiteis o que é de hábito

como coisa natural,

pois em tempo de desordem sangrenta,

de confusão organizada,

de arbitrariedade consciente,

de humanidade desumanizada,

nada deve parecer natural

nada deve parecer impossível de mudar.

Bertolt Brecht

quinta-feira, 19 de junho de 2008

O outro lado da sexta-feira 13/06!


Praça da Répública :fonte: apeoesp

Dia 13/06 participei na Praça da República, centro da "Paulicéia desvairada", da manifestação dos professores da rede estadual de ensino. A reivindicação da nossa categoria gira sempre em torno das condições de trabalho (péssimas por sinal). Se não bastasse isto, ainda temos que agüentar decretos absurdos do nosso governador, que impede a remoção dos docentes, limita as faltas médicas...claro, professores não são tratados como seres humanos, logo não ficamos doentes!!!
Isso sem citar a nova proposta pedagógica de "encino" (vide cartilha do professor de inglês, 8ª série do 2º bimestre).
Voltando a manifestação do dia 13, foi noticiado pela mídia que cerca de 5.000 baderneiros, atrapalharam o trânsito de São Paulo. Uma manifestação pacífica de docentes, lutando pelos seus direitos, foi simplificada desta forma por pseudo-jornalistas. Só lembrando, éramos mais de 15.000 "baderneiros", as fotos a seguir comprovam.


sentido Av Paulista foto: Camila Mafra

Durante a Assembléia, foi decidida a greve e a passeata seguiu rumo a Avenida Paulista, saímos da República às 17: 30. Durante a passeata, sentamos na Avenida Consolação, sinal de uma manifestação pacífica, volto a repetir!

A chegada na Av. Paulista foi emocionante, todos os docentes cantando juntos. Entramos na Av. parando os dois sentidos, durante alguns minutos. E claro, que esse fato teve conseqüências...



Percebi que os policiais militares entraram em formação.....preparei a máquina p/ tirar fotos e, coincidentemente segundos antes as luzes da Paulista foram desligadas, tirei uma foto(péssima), e quando percebi já não enxergava mais nada, não pela escuridão, mas pelo spray de pimenta.

sem luz na Paulista? foto: Camila Mafra

Sim, nós “docentes baderneiros” fomos atacados pela pm com o tal do spray. Só uma dica: se caso algum dia tiver o infeliz prazer de sentir os efeitos desse spray , não esfregue os olhos, nem tente limpar. Fica pior...experiência própria!!! Deixe as lágrimas rolarem....

Cuidado com o Spray! foto : Camila Mafra



Será que o fato foi noticiado? Alguém leu algo como: “Docentes em manifestação pacífica são atacados com spray de pimenta”?

Com isso, refletimos muito sobre a atual desvalorização de nossa categoria. Como somos tratados pelo Poder Público?

Com descaso...
Pela Pm?

Como pessoas que oferecem risco aos demais cidadãos... Fico imaginando quais seriam os riscos que nós oferecíamos naquele momento...nossa arma era nossa voz!!!

Pela mídia?

Nem precisa comentar....

Deixo aqui minhas inquietações e espero a próxima Assembléia, marcada para 20/06/08 sexta-feira


por Camila Mafra

domingo, 15 de junho de 2008

Algumas causas para o outro lado do dia 13/06/2008

Acreditamos que este poema de Ferreira Gullar, ilustra algumas das causas que nos levaram a um outro 13/06, onde professores ( os funcionários públicos com salário de fome do poema - ou que não cabem no poema) foram manifestar e lutar por seus direitos desrespeitados na Praça da República e depois seguiram para a Av. Paulista.

Não há vagas

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão.

O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,
está fechado: “não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço

O poema, senhores,
não fede
nem cheira.

GULLAR, Ferreira. “Não há vagas”.
In: Toda Poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980. p. 224

sábado, 14 de junho de 2008

A trajetória de uma vida para Ensinar ou Os dois lados de 13 de junho de 2008

O lado bom.

Nos dias 12 e 13 de Junho de 2008 na Usp foi realizado um evento em homenagem ao profº.Armando Correia da Silva. Durante esse evento muitas gerações de geógrafos que foram seus alunos prestavam-lhe uma homenagem. Estavam ali para apresentar um pensador, um professor e principalmente um ser humano, fantástico que foi o profº.Armando , para muitos jovens geógrafos e estudantes de geografia, que não tiveram a oportunidade de conhecê-lo.

A homenagem foi permeada por mesas de debate e discussões sobre toda a teoria geográfica e pensamento deixado pelo professor.

Entretanto num momento muito especial, alguns destes ex-alunos prestaram uma homenagem, ao Armando, artista, músico e adorador de poesia, recitaram algumas poesias significativas para seu mestre, porque faziam questão de mostrar a faceta homem-artista, homem-inteiro do profº Armando.

Esse evento me levou a reflexão de nosso ofício de professor, vi ali muitos, hoje também professores de nível superior se emocionando ao lembrar da importância da pessoa Armando em suas formações profissionais e principalmente pessoais.

A relação professor aluno é mais que fala, lousa, giz, teoria... é uma relação de completude , de construção do ser. È uma relação que exige nossa atenção.

O professor é um profissional diferenciado, a medida que está lidando com a subjetividade, com a capacidade de criação , com o desenvolvimento de senso crítico. A responsabilidade colocada à profissão Professor, para com a sociedade é tão importante quanto a do médico, que por uma falha – humana – pode levar um paciente ao óbito. A vida intelectual do aluno, o cérebro do aluno é o coração que o professor opera diariamente, sem as condições adequadas podemos levá-lo ao óbito.
O óbito do desconhecimento é sem dúvida a pior das privações para o ser humano, Atualmente a velocidade dos meios tecnológicos e de comunicação excluem a cada instante, centenas de milhares de pessoas que não tem condições de acessar um computador ou utilizar um aparelho celular.
A Escola é ainda o locos, para a realização do saber, do saber que os conhecimento que são trazidos de casa ou da rua onde se joga bola fazem parte de um todo maior que chamamos ciência, é o locos onde as trocas devem acontecer.
A escola, portanto não pode de forma alguma excluir e sim unir e completar, entretanto o que assistimos hoje no quadro da educação pública é exatamente oposto, a medida que a exclusão , já começa com o professor, que se quer sente-se parte de uma categoria que fragmenta-se mediante as imposições do mercado e do capital, que não se sente valorizado minimante por seu trabalho, realizado em duras condições. Como propagar a unidade num ambiente hoje tão marcado pela desfragmentação.